Após 15 anos de serviço o Clube Desportivo de Cuucjães, o Sr. Manuel Novo está de saída das suas funções enquanto contínuo. Agradecemos toda a sua dedicação ao clube ao longo destes anos e publicamos agora a "Na Primeira Pessoa..." da 11ª edição do Boletim CDC (abril 2016)
"Sr. Manuel: o contínuo do pavilhão
No mês em que completa 13 anos à frente do pavilhão do Clube Desportivo de Cucujães, o Sr. Manuel abriu-nos as portas da sua segunda casa, partilhando-nos as suas rotinas diárias, revelando-nos também a sua história antes de se ter apaixonado pelo clube, bem como surgiu essa paixão por esse serviço que presta à comunidade.
Nascido a 22 de setembro de 1944, Manuel de Jesus Ferreira Novo, nome completo de Manuel Novo, que é hoje, uma das pessoas mais acarinhadas no seio do Clube Desportivo de Cucujães. A dedicação e o empenho demonstrados ao longo de 13 anos como contínuo do pavilhão, não passam despercebidos aos olhos dos dirigentes, atletas, treinadores, seccionistas e pais. Nunca na sua juventude terá pensado que o seu futuro passaria por ser o “pai” do pavilhão Gimnodesportivo de Cucujães, mas o certo, é que o é, e já passaram 13 anos desde que abraçou este projeto.
“A vida profissional impedia-me de estar ligado ao Hóquei em Patins e ao CD Cucujães, como hoje estou”, justificou o Sr. Manuel, o porquê do contacto tardio com o clube, uma vez que a sua profissão (motorista de autocarros), o impedia de outra ocupação fora do normal horário de trabalho. “O meu contacto com o CD Cucujães deu-se quando o meu neto entrou para as ‘escolinhas’ do hóquei em patins”, explicou o contínuo o nascimento da paixão pelo clube.
Hoje é contínuo, mas há 13 anos era seccionista dos ‘Escolinhas’ do Hóquei em Patins, “como já disse vim para o clube por causa do meu neto, e como vinha-o trazer ao treino, ajudava nas tarefas da secção”. De seccionista a contínuo do pavilhão foi um ‘piscar de olhos’. “Na altura, o anterior contínuo tinha abdicado das funções, e o presidente (Sr. Armando Ribeiro) pediu-me para assumir a função que estava livre, dado que já sabia algumas coisas”, contou assim, na primeira pessoa, o Sr. Manuel como surgiu a proposta.
O primeiro dia, enquanto contínuo, perdido na memória do mês de abril de 2003, não foi nada fácil, e que o diga o próprio, “no primeiro dia andava meio perdido, não tinha ninguém que me desse explicações, tive de sobreviver com os conhecimentos básicos que aprendi no tempo de seccionista”.
Com uma rotina diária bem definida, o Sr. Manuel começa o seu trabalho às 16 horas e até às 18 horas, hora que marca o início dos treinos, muito é o trabalho, “preparo os equipamentos para os treinos do dia, coloco os materiais da ginástica no rinque e, ainda, faço a conservação do pavilhão, como a limpeza dos exteriores ou arranjo de alguma situação no seu interior”. Isto é só o trabalho de duas horas, “durante os treinos das secções, dou assistência às modalidades e, em caso de emergência, arranjo alguns patins”, referiu o contínuo como é o resto do seu dia de trabalho, até à meia noite, que é a hora, que normalmente termina o trabalho.
“Aqui, no pavilhão, há sempre trabalho para fazer” contou-nos o Sr. Manuel que afirma “tenho boas relações com os atletas, treinadores, seccionistas, pais e dirigentes, porque se não as tivesse, já teria sido despedido”. O contínuo, ainda em relação às relações que tece com os outros membros do clube, concluiu que “ajudo, sem distinção, as várias secções, realizando, às vezes, mais do que me é pedido”.
Estes 13 anos apenas têm um aspeto negativo, “o tempo que eu ocupo no pavilhão, não permite espaço para a família, ficando muitas vezes sem sábados, domingos e feriados”. Este aspeto negativo é superado por muitos outros positivos que o Sr. Manuel destaca, “foram muitas as amizades que travei no mundo do desporto com pessoas que não conhecia e, também, os eventos organizados no clube, como os saraus de ginásticas e os mais recentes festivais de patinagem artística fazem-me sentir bem, e no final, as pessoas agradecem-me”, onde estão presentes nas nossas cabeças, os momentos que nos intervalos dos eventos desportivos, o Sr. Manuel entretém a plateia presente, ao som da música, funcionam como um excelente entertainer ou momentos de limpeza de pista, recheada de animação e humor.
O Sr. Manuel resume estes treze anos de contínuo do pavilhão do Clube Desportivo de Cucujães em duas expressões. Na primeira, recheada de ironia, afirma que “o meu salário quase que nem dá para a gasolina”, contudo, na sua segunda expressão, justifica a primeira, dizendo que “estou aqui porque gosto e porque me sinto bem”.
Para terminar, o atual contínuo do pavilhão deixou uma mensagem aos cucujanenses, num misto de tristeza e sonho, “estou triste pela nossa descida de divisão, no hóquei em patins, à terceira divisão nacional, contudo, espero que com o empenho de todos os envolvidos no clube, ajudem a devolver o hóquei em patins à primeira divisão nacional da modalidade”.
Para terminar este ‘Na primeira pessoa…’, o Sr. Manuel prometeu continuar a frente do pavilhão, “irei continuar à frente do pavilhão nos próximos anos, se a saúde e os dirigentes o quiserem”. “Tenho o desejo que as pessoas que aqui ficarem, após a minha saída, conservem bem o pavilhão, pois tem boas estruturas para que haja sucesso neste clube, no CD Cucujães”, foi este o desejo com que o Sr. Manuel terminou o seu relato e a sua partilha das vivências de 13 anos de puro serviço e entrega ao CD Cucujães e à comunidade.
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